terça-feira, janeiro 21, 2014

Quando você passa eu sinto o seu cheiro



Alvo de reclamações, motivo de chacota, desencadeador de frouxos de riso intermináveis - o pum é um verdadeiro causador. Uma coisa, no entanto, é verdade: histórias de pum são hi-lá-ri-as. Pesquisando para esse post, chorei de rir lendo as mensagens que recebi.

A grande maioria das peripécias envolvem puns barulhentos – que, na minha mera opinião, são os mais lights. Em geral, o fedor não é tão forte quanto outros pums que circulam por aí. A primeira história que ouvi começa bem, começa lindo: numa sauna. Dois personagens eliminavam as toxinas do organismo, cada um no seu quadrado, cada um perdido nos seus devaneios. Não se conheciam, não trocaram palavras. Apenas suavam. Até que um deles deixa, sem querer, escapulir um pum barulhento.

*PROUT*

E agora, José? Pois bem, resoluto a não deixar que o seu corpo lhe pregue esta peça, nosso herói bate na parede

*TOC*
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para disfarçar o pum. Infelizmente, as onomatopéias não bateram e o nosso ator coadjuvante, sabiamente, se esquivou da sauna e foi eliminar toxinas dentro da piscina, boiando.

Eu ri três dias com essa história. Juro que estou rindo agora, imaginando como não foram essas batidas na parede, tentando disfarçar o indisfarçável. Afinal, se um elefante incomoda muita gente, imagina o que um pum na sauna não causa como desconforto?

 Mas essa não era muito a minha idéia. Eu queria escrever sob a perspectiva feminina. O pum e a mulher. Afinal, somos reles mortais. E não comemos flores para peidar leite de rosas. Eles acontecem mas é meio que um assunto tabu. Já ouvi milhares de vezes que não é “bonito” mulher falar dessas coisas. Mas bom, elas acontecem e muitas vezes independentemente da nossa vontade. Nas minhas pesquisas, conheci o poder de um pum: teve garota musa-da-sala-de-aula que perdeu seu estatuto e todo prestígio em apenas alguns segundos, tudo por causa de um pum barulhento.

 E quem fala de pum de menina fala de depilação. TODAS as minhas fontes mencionaram gafes cometidas pós-cera. Bom, eu não quero entrar no mérito da depilação, mas que uma coisa fique clara: “onde os fracos não têm vez” é numa cabine dessas, cara-a-cara com uma moça mascarada e a sua cera quente. Depois de todo um processo e uma motanha-russa de sensações, depois de verificar com o espelhinho que está tudo ao seu grado, lindo, wuhuuull, etc, etc, algumas coisas mudam. E só voltam de 3 a 5 semanas, dependendo da lua na qual você se depilou. A primeira sendo o rumo do fluxo urinário e, a segunda, o volume dos puns.

Aconteceu, com uma pessoa muito próxima de mim, uma dessas histórias. Ela e um ótimo amigo estavam numa chácara de um terceiro amigo, arrumando as coisas para a festa que aconteceria dali a algunas horas. Estavam mudando a mesa de lugar, já tinham subido alguns degraus, pararam para respiram e, no que ela pegou o peso da mesa, *PUM*. Desses inofensivos porém altos. A reação dela? Brincar de estátua e permanecer na exata posição fatídica, esperando que ele, por algum milagre, não tivesse ouvido. Ele – levantou a cabeça, olhou pra cima, demorou uns 3 a 4 segundos para captar a mensagem e foi resolver outra coisa na cozinha. Ela, sozinha, riu horrores (e ainda ri).

Outra situação comprometedora é uma que envolve música, fones e e um reflexo tardio de infância: sabe criança quando esconde os olhos e, porque não está te vendo, acha que está escondida e que você não está vendo ela? Então, eu vinha pelo meu caminho, no metrô de Paris, todos os dias, sempre em pé, sempre com fone, escutando música aos berros. E sempre que eu tinha vontade de soltar pum, eu soltava, sem me preocupar muito. Me escondia atrás do fone e, com os pés de fora, todos sabiam não só onde eu estava mas sobretudo o que eu estava fazendo. E eu cantando baixinho, com um mega sorriso no rosto.
PIOR de tudo: quando as pessoas me olhavam, eu discretamente verificava que o zíper da minha calça estava fechado (vai que?!) e ficava me S-E-N-T-I-N-D-O, achando que eles estavam todos embasbacados com a minha beleza #SÓQUENÃO.

Isso durou uns 3 meses. Total impunidade gasosa nos metrôs de Paris. E eu só parei quando, um dia, andando e soltando pum e seguindo a canção, a minha irmã esbarrou por acaso comigo e me pegou pelo ombro (já que eu não ouvia os gritos dela vindo atrás de mim, correndo) dizendo: - Clara, que que é isso? Você sabe que você tá peidando alto?!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

No começo eu queria morrer. Eu jurava, mas eu jurava, que ninguém, nunca, tinha ouvido um pum meu. Pensei em todas os gatinhos com quem flertei, que eu achava que flertavam de volta mas na verdade estavam simplesmente atônitos com a minha cara-de-pau. E aí comecei a rir com a Julia. E talvez alguns pumzinhos tenham saído aí também, mas tudo bem. Porque com irmã a gente faz coisa muito pior. Perguntem a ela, e à mamãe e à Sofia sobre o pum direcionado – é tipo o pum amigo (que te segue para onde você vai) só que, como o nome indica, você direciona ele.

O problema mesmo acontece no trabalho. Pelo menos, esse é o momento que as minhas amigas se sentem mais constrangidas para soltarem um pum. E aí, vêm as estratégias de dissipação e outras artimanhas para evitar o olhar eu-sei-que-você-deu-pum-porque-eu-não-fui.
Tem a fofa – que guarda na primeira gaveta um perfume e, quando acontece do pum não ser esse amigo alto mas sim aquele rápido, silencioso e fediiido, faz pchiiit-pchiiit na sala inteira pra disfarçar o tal do odor. A amiga prática, que tem uma caixinha de fósforo sempre em mãos para neutralizar o gás. E tem a escrota, que solta o pum e vaza da sala, deixando para o(s) outro(s) o mal cheiro.

Em suma, da ânsia [de vômito] ao riso, todos nós passamos por esses diversos papéis. Um dia soltamos um pum, outro dia cheiramos um pum. Ainda bem que aqui no escritório, ficou estabelecido desde a segunda semana de trabalho, a regra do meu tio – que “terra onde tem criança e cachorro, adulto não peida”. Mas o problema é que o Gandhi, o nosso mascote, faz o tipo amiga escrota. Solta um pum, se assusta com o barulho e vai espairar a cabeça. Deixando a gente aqui, com um cheiro que só maçarico é capaz de neutralizar.

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